Adriano Bornschein Silva, atual prefeito de Joinville, é candidato à reeleição. Foi eleito em 2020, representando o Partido Novo, sendo único prefeito do Brasil filiado à sigla. Além de político, Adriano é empresário e presidente do grupo Catarinense Pharma. Com formação em administração de empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e pós-graduação em marketing pela Fundação Getúlio Vargas, filiou-se ao Partido Novo em 2018 e, dois anos depois, concorreu pela primeira vez ao cargo de prefeito. No primeiro turno das eleições de 2020, Adriano obteve 22,98% dos votos válidos, ficando em segundo lugar, mas avançando para o segundo turno, onde foi eleito.
Confira a seguir a entrevista completa:
Folha Metropolitana: Adriano, você foi o primeiro prefeito de Joinville eleito pelo Partido Novo. Como você avalia seu mandato até agora, e quais desafios você enfrentou ao implementar os princípios do partido na administração pública?
Adriano Silva: Fizemos grandes avanços e tenho muito orgulho disso! Desde o início da gestão, nos comprometemos em devolver ao joinvilense o orgulho pela sua cidade. Para tornar esse sonho possível, focamos na desburocratização, na liberdade para empreender, na eficiência da administração pública e na melhoria da vida para todos. Conseguimos avanços na saúde, na educação, na infraestrutura, na segurança pública e no desenvolvimento econômico, sempre mantendo a transparência e a eficiência. Apenas em obras, foram mais de R$ 1,75 bilhão em investimentos. O Novo tem princípios e valores claros e bem definidos e é com base neste modelo que trabalhamos diariamente. O resultado tem sido uma cidade melhor e uma gestão bem avaliada pelos joinvilenses.
FM: No início de seu mandato, você foi contra o lockdown, mas precisou adotar medidas restritivas durante a pandemia. Como foi para você conciliar sua visão inicial com a necessidade de proteger a saúde pública em momentos críticos?
AS: Sempre fui contra o lockdown e mantive a minha opinião. A gente encontrou maneiras de cuidar da saúde das pessoas, mas também que o joinvilense mantivesse seus empregos para gerar a renda para o sustento de suas famílias. Criamos grupos gestores com representantes de diversos grupos representativos e conseguimos encontrar as melhores soluções. A gestão da pandemia que fizemos em Joinville foi modelo para o país. Trabalhamos continuamente para ampliar a estrutura de saúde e na conscientização das pessoas. Em alguns momentos, foi necessário adotar medidas restritivas, mas sem interromper as atividades econômicas. Outra questão que nos orgulha foi a volta às aulas no primeiro dia do ano letivo. Joinville foi a única cidade do Brasil com mais de 500 mil habitantes que fez isso, reflexo do engajamento e da visão dos nossos servidores da educação sobre a importância de ter os alunos da sala de aula para garantir o aprendizado.
FM: Você é candidato à reeleição, após ter conquistado a prefeitura em 2020. Quais promessas de campanha de seu primeiro mandato você considera que conseguiu cumprir, e quais você acredita que ainda precisam de mais tempo e trabalho para serem realizadas?
AS: Eu não tenho um perfil de fazer promessas e nem criar um plano de governo cheio de metas inatingíveis. Todos os itens do plano de governo anterior foram trabalhados, a maioria concluídos e alguns em andamento, a exemplo de projetos robustos como a Ponte Joinville. Para o segundo mandato, nossa proposta é seguir com avanços expressivos nas pastas que demandam investimento e esforço contínuo, principalmente na saúde, educação, infraestrutura e mobilidade, segurança pública, esportes e desenvolvimento econômico.
FM: Mobilidade urbana é um desafio constante em Joinville, com congestionamentos frequentes e transporte público ineficiente. Quais são seus planos para melhorar o trânsito e o transporte coletivo na cidade, caso seja reeleito?
AS: Realizamos os estudos para a modelagem da licitação do transporte público, inédita em Joinville, e o edital está em fase final de revisão para que possa ser enviado para apreciação do Tribunal de Contas e depois seguir para publicação. O modelo do transporte público traz benefícios ao usuário, principalmente, mais tecnologia e conforto. Paralelamente, estamos investindo em uma série de projetos de mobilidade urbana. Destaque para importantes investimentos que beneficiam a zona sul, que é uma das mais impactadas em questão de mobilidade. Já finalizamos a construção da ponte entre as ruas Aubé e Plácido Olímpio de Oliveira. Estão em construção as pontes Joinville e Nacar. A Ponte Anêmonas, junto com o binário da rua Guanabara, está em licitação. Além disso, estamos dedicados à finalização da duplicação da Av. Santos Dumond e a continuidade da duplicação da Ottokar Doerffel, incluindo a rotatória que é a próxima etapa. Esses grandes investimentos trazem importantes resultados para a mobilidade de diferentes regiões da cidade.
FM: A questão do saneamento básico ainda é crítica em Joinville, com uma cobertura de esgoto insuficiente. Quais foram os avanços nessa área durante seu mandato e quais são suas propostas para garantir maior expansão do saneamento nos próximos anos?
AS: Durante o mandato, a cobertura saneamento básico teve importantes avanços. O investimento é superior a R$ 500 milhões para ampliação e modernização das redes de água e esgoto, estações de tratamento e conseguimos recorde na redução de perda de água tratada, superior a 5 bilhões de litros, com índice melhor que a média nacional. Muito trabalho ainda é necessário, mas temos um planejamento junto com a Companhia Águas de Joinville para seguir avançando.
FM: A infraestrutura para enfrentar alagamentos é um problema recorrente em Joinville, como você mesmo enfrentou durante seu mandato. O que foi feito desde então e como pretende reforçar o sistema de drenagem urbana em um possível segundo mandato?
AS: Criamos um programa permanente de limpeza de rios e valas para facilitar o escoamento de águas das chuvas e minimizar os impactos das enchentes. São mais de 585 km de limpeza de rios e valas realizados desde 2021. Está em andamento a dragagem do Rio Águas Vermelhas, na região Oeste da cidade e também um projeto inovador com a instalação de calçadas drenantes e pavimentação sustentável em 64 ruas do bairro Vila Nova. Todas essas iniciativas são focadas na redução de enchentes e alagamentos.
FM: O setor de saúde pública é uma preocupação constante em Joinville, especialmente com a alta demanda nos hospitais e postos de saúde. Como sua gestão tem enfrentado esse problema e quais são seus planos para garantir um atendimento mais rápido e eficaz à população?
AS: Sem dúvida, a Saúde é um grande desafio. E, para isso, estamos trabalhando com muita responsabilidade e investindo bastante nesta área. Com novas e modernas estruturas para as Unidades Básicas de Saúde da Família, foram investidos R$ 40,4 milhões. Concluímos oito unidades: Aventureiro II, Bom Retiro, Glória, Jardim Paraíso, Nova Brasília, Ulysses Guimarães, Vila Nova Rural e Willy Schossland; e outras seis unidades estão em obras: Canela, da Ilha, Itaum, Jardim Sofia, Lagoinha e Parque Joinville.
Investimos na melhoria da estrutura física dos Serviços Especializados em Saúde, com investimento de R$ 20,9 milhões. Foram concluídos sete projetos: Ambulatório e Centro Cirúrgico do HMSJ, Clínica Especializada em Saúde da Mulher, Biofábrica do Método Wolbachia, CAPS Infantojuvenil, CEREST e SVO. Estão em obras duas unidades: Núcleo de Assistência Integral ao Paciente Especial (NAIPE) e prédio de apoio do Hospital São José.
Ampliamos a Estratégia de Saúde da Família, com equipes completas em todas as unidades, ofertando mais de 1,1 milhão de atendimentos/ano, 300 mil a mais que quando assumimos a gestão, e ampliamos o horário de funcionamento de 19 UBSFs, das 7h às 19h.
Fizemos a reforma total do Centro Cirúrgico do Hospital Municipal São José, que passou de seis para nove salas cirúrgicas, possibilitando crescimento de 19% no número de procedimentos, chegando a 19,3 mil cirurgias/ano. No hospital também instalamos dois modernos aceleradores lineares no setor de Oncologia, com investimento de R$ 16 milhões, zerando a fila de espera para o início da radioterapia. Recentemente, uma moderna Unidade de Hemodinâmica passou a funcionar.
Vamos continuar tratando com muita responsabilidade. Para isso, vamos criar o programa Saúde Conectada, com avanços e modernização da rede, incluindo consultas online para acesso à especialistas, além de usar a tecnologia para confirmação de consultas e procedimentos. Também vamos dar continuidade aos investimentos nas estruturas e equipes de Unidades Básicas e Unidades de Ponto-Atendimento.
FM: O turismo e a cultura em Joinville têm um potencial enorme, mas há espaço para crescer. O que sua administração fez para fomentar esses setores e como você pretende continuar desenvolvendo o turismo e os eventos culturais na cidade?
AS: Posso citar como destaque a criação do Natal de Joinville, que se consolidou como um dos principais eventos da cidade e reúne anualmente milhares de famílias, além de estimular o comércio e o turismo. Além disso, nossa equipe trabalhou no fortalecimento do turismo rural e cultural, duas grandes áreas que contribuem com o desenvolvimento econômico e social da nossa cidade. Vamos trabalhar para concluir a construção do Palácio da Orquídeas que é um parque para o lazer do joinvilense e atrai turistas para uma das tradições culturais mais antigas de Joinville, o cultivo das orquídeas.
FM: A cidade de Joinville tem passado por um crescimento rápido. Como você avalia a gestão urbana nesse período e quais são suas estratégias para garantir que o desenvolvimento urbano seja mais equilibrado e sustentável nos próximos anos?
AS: Esse é um trabalho que envolve diferentes secretarias e precisamos pensar a cidade para um crescimento a médio e longo prazos. Para isso, vamos seguir com os investimentos em infraestrutura e mobilidade urbana. Na Educação, temos o desafio de ampliar o número de vagas para a educação infantil, que no primeiro mandato ampliamos em mais de 3 mil vagas em creches conveniadas e na criação de projetos para 15 novas unidades do município, entre as concluídas, em obras e a iniciar. Com isso, teremos vagas para acompanhar o crescimento previsto para a cidade nos próximos anos. O mesmo processo precisa ser feito em outras áreas como saúde e desenvolvimento econômico. Se uma cidade cresce a passos largos como Joinville vem crescendo, precisamos planejar a oferta de serviços e de acesso ao trabalho.
FM: Com o aumento da frota de veículos e a demanda por transportes alternativos, há um clamor por mais ciclovias e estrutura para mobilidade sustentável. Você tem planos de expandir a malha cicloviária e incentivar o uso de bicicletas na cidade?
AS: Os projetos dos grandes eixos todos contemplam espaço para os ciclistas. O planejamento urbano terá a continuidade da implantação dessa estrutura em novas vias e nas que forem reestruturadas, especialmente nas centralidades dos bairros e em importantes vias de ligações de diferentes regiões da cidade, contribuindo com a melhoria desse modal de transporte sustentável e que tem uma contribuição essencial com a melhoria da mobilidade urbana.
Fonte: Folha Metropolitana
